Páginas

quinta-feira, 10 de março de 2011

Segundo FAO/ONU, clima e biocombustíveis ameaçam segurança alimentar

Destacada por Karina Pinto Costa Mekhitarian

Há vários anos, a produção de biocombustíveis vem expandindo significativamente em todo o mundo por fatores diversos, como a subida do preço do petróleo e a ameaça de mudança climática global.

Contudo, essa nova produção poderá aumentar os preços dos alimentos, em especial, dos produtos agrícolas (ex.: Milho) que são utilizados para produção de biocombustíveis, e ameaçar a segurança alimentar no longo prazo, conforme alertou a Organização das Nações Unidas (ONU) essa semana.

Essa pressão sobre os preços poderá aumentar ainda mais tendo em vista que a União Européia estabeleceu para si a meta de substituir 10% dos seus combustíveis para transportes por biocombustíveis até 2020.

Segundo a ONU, os períodos de instabilidade de preço não são uma novidade para a agricultura, mas os choques recentes de preço provocados pelo clima extremo e pelo uso cada vez maior de grãos para produzir energia têm causado grande preocupação, disse a FAO, braço da ONU para agricultura e Alimentação (FAO).

“Há temores de que a volatilidade de preço esteja aumentando”, disse a FAO no relatório Estado dos Alimentos e da Agricultura, publicado na segunda-feira, dia 07/03/11. A influência cada vez maior do mercado de commodities e as “respostas contraproducentes da política protecionista (aos preços elevados) podem exacerbar a volatilidade do mercado internacional e colocar em risco a segurança alimentar mundial”, diz o documento.

De acordo com relatório da FAO, o preço global dos alimentos atingiu um recorde de alta em fevereiro. Na semana passada, a FAO advertiu que novas altas no preço do petróleo e a realização de estoques pelos importadores que tentam evitar levantes atingiriam os já voláteis mercados de cereais. A estimativa é que nos próximos dez anos o preço dos alimentos cresça e permaneça na média em níveis acima dos da década passada, disse a agência.

Por fim, a FAO alerta para necessidade de uma ação coordenada internacional para garantir a segurança do abastecimento de alimentos, incluindo uma melhora na regulação e na transparência do mercado, assim como estatísticas sobre o mercado de commodities de alimentos, o estabelecimento de estoques de emergência e o fornecimento de redes de segurança.

De fato, para evitar um colapso no setor face à ação exacerbada e descontrolada dos países que investem cada vez mais na produção de biocombustíveis e que utilizam produtos agrícolas no processo produtivo, as agências internacionais e os Governos locais, com suporte das agências reguladoras e fiscalizadoras, têm papel fundamental.

Publicado no portal G1

Nenhum comentário:

Postar um comentário